Sempre tive problemas para dormir cedo. Por mais que eu tenha acordado cedo e enchido meu dia de tarefas, quando chega a hora de dormir o sono simplesmente não vem. Fico ali deitada virando de um lado para o outro, numa luta angustiada pelo soninho tranquilo. O problema é que quando eu coloco minha cabeça no travesseiro é que as as engrenagens do meu cérebro começam a girar mais rápido. É a hora que vem todos aqueles pensamentos que eu passei o dia todo empurrando pra debaixo do tapete, ai pronto, fico mais alerta ainda.
Quando estou acordada, quase todas as minhas ações acontecem de modo automático. O que foi feito, visto e falado aconteceu, pronto. Não tem como voltar atrás. Claro que ao falar algo impulsivamente, posso me arrepender e tentar me explicar, mas a palavra fica, já está posta, no máximo o que dá pra fazer é tentar passar um corretivo daqueles de caneta, que sempre deixam aquela marquinha branca e mesmo que tenha sido escrito outra coisa por cima, todos sabem que originalmente não era bem isso que estava lá. Mas quando eu deito e coloco minha cabeça no travesseiro, um mundo de possibilidades se abre pra mim, e revejo todas as linhas de uma realidade que poderiam ter sido, se eu tivesse escolhido esse ou aquele outro caminho.
Isso é angustiante.
É claro que tendo em mãos o resultado de um ato, fica mais fácil mensurar o que daria certo. Então quando eu sonho meu mundo fica mais bonito e feliz.
Minha relação com o desapego está cada vez mais forte, de tanto praticar a racionalizar os sentimentos, minhas atitudes tem sido cada vez mais céticas. De tanto tentar prever as linhas possíveis de um possível relacionamento, seu inicio, meio e fim inevitável (na minha lógica) prefiro nem começar um. Me resguardo o direito de não sofrer.
Achei que tinha descoberto a fórmula contra a angustia sôfrega dos fins de relacionamento, mas quando eu me deito e coloco minha cabeça no travesseiro, tenho sofrido mesmo assim.
De tanto praticar o desapego, me apeguei ao meu passado, aquele que aconteceu quando eu ainda não conhecia essa palavra. Aquele que aconteceu quando eu andava de mãos dadas e achava que tendo alguém pra dar as mãos, todas as possibilidades resultariam na minha felicidade.
Se ingenuidade me fez sofrer e o ceticismo também, qual o caminho então?
(não sou assim tão dramática, é que acordei de uma noite mal dormida..rs)