Mari In Treatment

Era uma festa de um povo do teatro, então eu pensei: Vou colocar uma roupa moderninha pra combinar com o ambiente, porque óbviamente esse povo artista é sempre criativo no modelito, e não quero destoar muito dos demais.
Chegando na festinha me deparei com uma fadinha com flores penduradas no cabelo, dai parei meio assustada e perguntei pra amiga que havia me convidado se a festa era a fantasia, ela disse que não. huum..
O local era um caso à parte. Casarão antigo, bem bonito, decoração feita com tules coloridos pendurados nas vigas do teto. Quase me senti no mundo de Alice. Aquela leve marola de fuminho ilicito, uma música brazuca-beleza pra completar o transe das pessoas presentes. Olhei prum lado, olhei pro outro e logo percebi: Não me encaixo aqui. Mas serve como base de uma pesquisa antropológica.Tentei me consolar. Como essa outra tribo se comporta?
Bar!Preciso de um bar!
Com mais álcool na veia começo a relaxar. Bom, já que ali estava, não me custava nada olhar com mais atenção praquelas pessoas em busca de alguém que estivesse tão deslocado naquele ambiente quanto eu.
Encontro um tipinho que me agrada. Alto,cabelinho jogado e com roupa que não parecia uma fantasia.
huum..
 Começo meu flerte básico.Olhadinha fixa até o cara perceber e olhar de volta, dai eu desviava. Faço isso até o cara se prontificar a vir falar comigo. Ele vem.
- Oi!
- Ahh..sim, oi!
- Tava te olhando a muito tempo, você é muito bonita!
Huum, penso, cantadinha meio óbvia e barata demais, mas como ele parece ser a única espécie de pessoa normal naquele ambiente, resolvo lhe dar mais uma chance. Daí ele me pergunta se eu faço teatro também, eu respondo que não,que vim com uma amiga que tinha um ex namorado que estava produzindo a festa.
***
Pausa pra contar esse detalhe:
Minha amiga estava me pertubando pra ir nessa festa a quase um mês, o ex dela havia convidado e ela como ainda não superou bem essa separação, queria muito ir. E eu, como boa amiga, fui acompanhando.
Detalhe mais surpreendente ainda quando encontramos com o tal ex e ele estava vestido de...
NEY MATOGROSSO!
E, pra completar, meu comentário pra minha amiga após a visão do ex Matogrosso dela fazendo performance no palco da festa:
Amiga, agora você sabe porque ele terminou com você!
***
Então, voltando ao menino que parecia normal. Ficamos naquela conversinha mole onde ambos tentam demosntrar interesse pelo outro e tentam tirar o máximo de informações pra ver se rola ou não.
Não é que eu seja escrota e metida, mas ao menos que eu esteja em estado tal de carência e solidão, tenho alguns critérios para me interessar pela pessoa, que tenha um bom papo,que faça algo legal, que estude ou trabalhe, enfim, poucas exigências.
Esse menino, fora a altura e o cabelinho jogadinho, não completava nenhum desses requisitos, mas como eu não estava fazendo nada, resolvi continuar ao menos jogando conversa fora com ele, já que a pista de dança estava lotada e um inferno de calor.
Até que ele fez o comentário derradeiro.
Já estava quase no meio pro fim da festa, e me deu aquela famosa lariquinha de madrugada, lá vendia uns sanduiches e resolvi pedir um, dai educadamente perguntei se ele queria também:
- Quanto é? Ele me perguntou
- 2 reais,sanduichinho natural!
-Huum..E ta gostoso?
- Da pra quebrar o galho. Você vai querer?
- Posso esperimentar?
Olhei pra cara dele meio puta já, aah que pessoa indecisa,o que pode ter de diferente num sanduiche natural de frango como milho oras? Mas dei um pedaço pra ele, mesmo estando na larica forte.
- Eeh, ta gostoso! Vamos dividir um?
- Hã? Você quer dividir um sanduiche pequeno desses e de 2 reais? Por que? Você não ta como fome?
- To morrendo de fome..Mas 2 reais é foda..
Esbocei um leve sorriso pra ele, dei a última mordida no meu sanduiche e disse que ia ao banheiro..Pra nunca mais voltar!!

Não é que eu seja esnobe, mas mão de vaca eu não aturo não! Logo imaginei ele pedindo pra dividir também um chiclete Ploc ou algo do tipo..