Hoje o dia foi agitado. Começou pra mim as 5 horas da manhã, ou seja, eu que nunca consigo dormir cedo, dormi apenas 2 horas. Levantei meio cambaleante, fiz um litro de café, entrei debaixo de uma ducha fria e saí. O povo da minha turma teve Panorama Quilombola na Puc, com apresentação de um professor meu.
Enquanto o povo quilombola falava lá na frente, comecei a visualizar carneirinhos voadores pela sala extemamente confortavel e com um ar condicionado muito querido. Derrepente não entendi  porque, mas o cara do quilombo lá na frente começa a entoar cantigas de ninar do seu povo..Meus olhos vão ficando pesados de uma forma incontrolavel..Puuft! Caí da cadeira!rs..
Fiz a linha que não era comigo, aah essa cadeira quebrada, ops, foi mal, pode continuar a falar.
Saí da sala, bebi mais um litro de café, dei uma andada e voltei pra sala. Aii eu acordei. O quilombola agora estava colérico falando sobre a dívida que nós brasileiros temos para com seu povo:
 -"Nós fomos sequestrados, nos fizeram seus escravos e agora nos é de direito um pedaço de terra."
E eu pensando: Mas eu nunca tive um escravo. Mal tenho uma empregada remunerada.Também não tenho um pedaço de terra. A do jardim do meu terraço conta?
- "O quilombo de Campinho está lá a mais de 150 anos. Temos direito àquela terra!"
Bom, ta certo que não estou na Tijuca a tanto tempo assim, mas pago aluguel há muito tempo também, isso conta como fator de direito à terra?
- " Nós sofremos preconceitos porque além de sermos pobres, também somos negros. Temos direito a terra!"
E os pobres que são brancos? Eles devem recorrer a que grupo étnico pra ter direito a terra?

Como já estava acordadissima depois de 2 litros de café, e talvez por isso, irritada com todo aquele apelo à terra, observei perante o quilombola e os demais presentes que talvez quem sabe, digo, talvez vá saber, o problema de má distribuição de renda e de terra não deva ser visto somente como uma questão de merecimento étnico e retratação social.
Daí o quilombola virou o Michel Jackson (embranqueceu..rs!) e começou a defender o interesse do seu povo. Normal. Ele defende o dele,o índio defende o dele, eu defendo o meu, e tudo acaba em pizza. Brotinho. Porque se pedissem família, ia dar problema na divisão, devido ao que já foi exposto aqui..

5 comentários:

bacana o modo como vc. narra a situação...
abs

hum genial muito bom einh gostei

Este comentário foi removido pelo autor.

André disse...

Marininha,
você está certa em vários pontos. O problema da terra no Brasil não é só étnico. Por isso ele deve ser pensado por outras políticas, como a de reforma agrária, por exemplo. Mas no caso da terra quilombola, o que está em jogo é outra coisa: o reconhecimento pelo Estado de formas de lidar com a terra (sempre coletivas, nunca privadas) que foram mantidas por camponeses negros descendentes de escravos, e que precisam ser reconhecidas pelo Estado, senão vão dançar, no ritmo da apropriação privada da terra. NESSES casos, o direito à terra é uma questão étnica.
E não fique assim tão perturbada com a cólera quilombola. Pouco antes de você voltar, um militar (branco) havia dito que os negros vieram para o Brasil da África como "turistas". Neste contexto (você pode imaginar a impropriedade de imaginar os escravos como "turistas"), a idéia de sequestro me pareceu bem adequada...

Aii não queria que logo um prof meu lêsse isso aqui!rs..Bom, vamos a resposta.rs..Eu vi o militar falando que os negros africanos tinham vindo pra ca como turistas e tb achei isso ridiculo.Vc colocou um ponto que eu n tinha pensado direito, sobre o reconhecimento do Estado de formas de lidar com a terra coletivamente, sim, nesses casos específicos, índios e quilombolas, acho mesmo que devem ser reservados espaços para esses fins.Porém não sou contra que também sejam destinados espaços de terra a serem usados de forma privada, até porque é dessa forma (entre outras) que se gera riqueza com as exportações, e são dessas terras privadas que vem o alimento consumido pela grande maioria..Enfim, todo o texto não foi concebido pra ser um discurso sério e nem de todo verdade (visto que no texto eu "falei" que tinha conversado com o quilombola e isso não aconteceu de fato) da minha parte. Mas valeu pelo comentário, ele gerou o que esperava que gerasse, mais comentários!rs..

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